A Disfunção Temporomandibular (DTM) e a Dor Orofacial (DOF) são temas centrais de uma especialidade odontológica criada pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) em 2002. Apesar disso, a especialidade ainda é pouco conhecida, tanto por pacientes quanto por profissionais da saúde, incluindo dentistas e médicos. A falta de informação dificulta o diagnóstico precoce e o tratamento adequado dessas condições.
O 1º Consenso em DTM e DOF, publicado em 2010, destacou a urgência de se ampliar o conhecimento sobre essas condições entre os profissionais de saúde. O documento recomenda a inclusão do tema nos currículos de graduação e o fortalecimento das políticas públicas voltadas à saúde bucal. Essas medidas são fundamentais para garantir o diagnóstico precoce, o tratamento eficaz e, consequentemente, a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Mas infelizmente essa ainda não é uma realidade, é por isso a SBDOF — Sociedade Brasileira de DTM e DOF, é incansável em sua missão de dar visibilidade a essa especialidade tão importante, promovendo ações que ampliam o conhecimento tanto da população quanto dos profissionais de saúde.
Hoje é o Dia Nacional da DTM e DOF, mas do que uma data, é um convite para que todos conheçam melhor o papel da especialidade para melhora da saúde e qualidade de vida dos portadores dessas condições.
A DOF é definida como qualquer dor associada a tecidos moles ou mineralizados da cavidade oral e da face, podendo estar relacionada a diversas condições, como cefaleias, dores musculoesqueléticas, neuropatias e as próprias disfunções temporomandibulares. Estudos mostram que cerca de 22% da população já experimentou algum tipo de dor orofacial, sendo a DTM a segunda maior responsável pelas queixas de dores orofaciais, perdendo apenas para as dores de dente.
Segundo a Academia Americana de Dor Orofacial, a DTM é definida como um grupo de condições musculoesqueléticas e neuromusculares que envolvem a Articulação Temporomandibular (ATM), os músculos da mastigação e todos os tecidos associados a estes. Fatores como bruxismo, estresse, doenças sistêmicas e predisposição genética podem estar envolvidos em sua origem.
O sintoma mais frequente e que leva os pacientes a buscarem tratamento é a dor geralmente localizada na musculatura mastigatória ou na área pré-auricular, iniciada ou agravada com a função, como mastigar, falar, e por outras atividades mandibulares. Os pacientes com esses distúrbios frequentemente apresentam, além da queixa de dor, movimentos mandibulares limitados e ruídos articulares, que são normalmente descritos como cliques, estalos ou crepitação.
Quando falamos sobre o tratamento das DTM é fundamental entender que a literatura científica atual recomenda, como primeira escolha, abordagens conservadoras e reversíveis. Por isso, pacientes com DTM devem ser avaliados e acompanhados por especialistas em DTM e DOF. No entanto, ainda é muito comum, tanto entre leigos quanto entre profissionais da saúde, a ideia equivocada de que o Cirurgião Bucomaxilofacial é o profissional mais indicado para esses casos. A verdade é que, se esse cirurgião não for também especialista em DTM e DOF, ele será responsável apenas pelo manejo dos casos cirúrgicos, que representam cerca de 2% dos pacientes com essas condições. Ou seja, a grande maioria dos casos deve ser tratada por quem realmente atua com foco nos tratamentos não cirúrgicos para DTM e DOF.
No Brasil, 1 em cada 3 pessoas tem DTM, o que representa aproximadamente 14 milhões de pessoas que precisam de atendimento especializado. Mesmo com essa grande demanda, dos 430 mil dentistas atuantes no Brasil, menos de 0,5% são especialistas. Esse é um gigantesco mercado de trabalho, por ter uma demanda grande de pacientes para um reduzido número de profissionais capacitados, o que torna a Especialidade de DTM e DOF uma das áreas mais promissoras da odontologia atual.
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